segunda-feira, 24 de maio de 2010

Copo d'água...

"Enfim ela abriu os olhos. Sentia as pálpebras pesadas protestando contra a vontade de abrir. A cabeça girava loucamente como se tivesse ingerido uma superdosagem de anestésico. Será que chorar causava todo esse efeito? Enfim, ela havia adormecido em meio a lágrimas e soluços. O pior era a sensação de angústia que não passava, como se algo estivesse preso e sufocante na garganta. Espiou pelos cantos e não viu nenhuma claridade. "Deve ser muito cedo"- pensou, quase aceitando o protesto de suas pálpebras, mas preferiu tentar levantar-se, ainda cambaleando com o peso da cabeça. Olhou pela fresta da porta e nada, apenas um silêncio indicando que realmente era muito cedo. Olhou para o lado ainda tentando enxergar com os olhos inchados e a pouca claridade. Na mesa ao lado da cama havia apenas um copo com água pela metade.
- E lá vem a história do meio cheio ou meio vazio... - começou indignada - por quê o copo não pode simplesmente estar meio... meio... - e não completou a frase. O peso dos últimos acontecimentos lhe deixava em dúvidas, como se nada mais na vida fosse digno de importância, ao mesmo tempo que a vontade de "crescer" e enfrentar algo novo lhe deixava amendrotada e fascinada, quase prendia a respiração em pensar o que viria ela frente. Pegou o copo e tomou um gole.
- Pronto, isso resolve a questão, sem dúvida está quase vazio agora.
Era difícil acreditar que circunstâncias novas eram criadas tão facilmente e que era necessário encara-lás. Começou a imergir em pensamentos, cada vez mais questionando os fatos. Tornou a sentir lágrimas descerem pelo seu rosto quando o ruído de vidro partido lhe despertou. O copo havia quebrado."

Por: Tamires Albuquerque (Noite de inverno _ parte 1)

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